A angústia faz parte de nosso psiquismo, não tem jeito. Ela é inerente ao humano. O que ela é, de fato? Ela indica algo em nós? Como ela se apresenta em nosso mundo interno e a relação dela com o que está fora de nós? E na psicoterapia, é possível lidar com ela?

Antes de mais nada…
O que é angústia? Como podemos defini-la?
Ao olharmos o conceito no dicionário, encontramos: sofrimento, estado afetivo desconfortável, falta, carência, tormento, inquietude, estreiteza, redução de espaço e tempo. Ela é um afeto que incomoda, é um pesar, é complexa. Ao longo dos dias, podemos perceber mais ou menos a presença dela. Como podemos entender a angústia e a ação dela de acordo com a Psicologia? Vejamos a partir das abordagens psicanalítica e existencial…
De acordo com a psicanálise
Freud nos falou sobre a característica de desprazer que a angústia traz pra gente, algo em comparação com um desamparo. A angústia contém uma energia que faz com que o Eu mobilize uma defesa (recalque) como reação a ela. Freud considera a angústia como um mecanismo (que possui função). Ela não possui o status de sentimento, é um sinal.
Sob o viés do existencialismo
Filósofos abordaram o tema amplamente ao longo do tempo. Nesta perspectiva, a angústia é encarada, de forma geral, como uma reação essencialmente humana frente à finitude da vida, acompanhada de um esvaziamento de sentidos do que está a nossa volta.
Kierkegaard (1813-1855) explicou que a angústia se manifesta diante da liberdade/possibilidades de experiências de vida. Heidegger (1889 -1976) explicou que a angústia é como uma abertura para o próprio ser e possui natureza existencial. Com ela, abre-se a possibilidade do indivíduo poder ser quem se é, sendo assim um caminho para transformações existenciais.
Como podemos lidar com a angústia?
A psicoterapia é fundamental para lidar mais de perto com a angústia e com o que a acompanha. Falar e ser acolhido pela escuta da psicóloga contribui para aumentar o autoconhecimento e, mais do que isso, são ações para viver a angústia com apoio emocional. Esse movimento contribui para uma vida psíquica mais saudável.
Referências
Angerami-Camon (org.). Angústia e psicoterapia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
Murta, C.; Pessoa, F. Angústia em filosofia e psicanálise [recurso eletrônico]. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Secretaria de Ensino a Distância, 2017.
Pollo, V.; Chiabi, S. A angústia: Conceito e fenômenos. Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 4 – n. 1, p. 137-154, jan./jun. 2013