Ao final da graduação de psicologia, em dezembro de 2023, comecei a procurar ampulhetas de 50 minutos pela internet afora para utilizar nos atendimentos futuros como profissional. Nas minhas buscas, encontrei ampulhetas de 01 minuto, 05 minutos, 15 minutos, 30 minutos, 45 minutos e 60 minutos. Não encontrei as de 50 minutos exatamente. Acabei comprando a de 45 minutos, mesmo. Seria então uma forma lúdica de me indicar que a sessão já estaria se encerrando. Aliado à ampulheta, um relógio comum de pulso seria importante para a precisão da duração de um atendimento. Tudo certo.
Aí você pode estar pensando e queira dizer: “mas tem sessões de terapia que duram 30 minutos ou 60 minutos, a depender se é através de convênio ou da agenda da profissional…”. A reflexão que quero conduzir é sobre a passagem do tempo e como conseguimos mensurar isso, para então organizarmos toda uma rotina de trabalho e/ou estudo.
Em minha rotina de professora, fazem parte dela fragmentos de tempo de 50 minutos, nos quais são desenvolvidas atividades, exposição e discussão de conteúdos e, quando é possível, experiências científicas simples. Já trabalhei por um ano letivo em uma escola de uma rede municipal diferente da que trabalho desde 2014, na qual as aulas eram de 45 minutos. É exatamente o que a minha ampulheta recém-comprada contém.
Meus atendimentos como psicoterapeuta são planejados para acontecerem em 50 minutos. A mesma quantidade de tempo que uma aula. O que cabe em uma sessão de terapia neste fragmento de tempo? Quantos pensamentos são verbalizados, quantos afetos emergem, quantos conteúdos são projetados pelo paciente na psicóloga? Quantos movimentos psíquicos acontecem e podem propiciar um insight em alguma sessão futura? A experiência na área é que poderá me indicar.
Outro fato interessante é a passagem de 10 anos entre formações acadêmicas (2013 – 2023). A graduação completa em psicologia ocupa 5 anos, ou meia década, se você preferir.
Enfim, seja nos 45, 50 minutos de uma aula numa bela tarde ou nos 50 minutos de uma sessão de psicoterapia em uma ensolarada manhã de terça-feira, quantos eventos objetivos e subjetivos acontecem nessa fração de tempo? E quantos desses acontecimentos ocorrem em um período de anos e anos?
Para finalizar, só queria complementar que quando pensei nesta postagem e enquanto a escrevia, lembrava várias vezes da música “Nada será como antes”, na voz de Elis Regina (de composição de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos). Sei que a música trata de um contexto totalmente diferente da narrativa que escrevi aqui, mas ela me remete movimento, passagem do tempo, acontecimentos internos e externos, mudanças pessoais frente às mais diversas situações vivenciadas….Embora esse percurso possa envolver algumas repetições.
Se você leu esse texto até o final, escreva nos comentários: “que notícias me dão de você?”